segunda-feira, setembro 17, 2007

Linux ainda não está pronto para o Desktop

Walter S. Mossberg escreveu há alguns dias uma crónica no Wall Street Journal sobre a sua experiência com um computador portátil da Dell pré-instalado com Ubuntu. A ideia do jornalista era verificar se o Zé Povinho, tipo que não percebe nada de computadores, mas que os usa, conseguiria utilizar o Ubuntu. As conclusões do autor não são as melhores para o mundo Linux, sendo que ele recomenda que o linux seja utilizado apenas por alguém que esteja disposto a sujar as mãos. Isto contudo fez-me pensar no seguinte:

Sem dúvida que o linux está muito melhor do que estava há alguns anos. A experiência é muito mais satisfatória do que quando se tinha que compilar tudo à mão para descobrir que afinal havia ali alguma incompatibilidade impossível de resolver por culpa de algum hardware. Hoje quase tudo funciona e o dizer que o Linux está ou não pronto para o Desktop, depende principalmente se as pessoas o utilizam ou não. Há pessoas que utilizam exclusivamente linux e para essas pessoas o Linux está pronto. Elas fazem-no estar pronto. Outras utilizam dual boot, pelo que para estas naturalmente não está pronto.

Uma das queixas que o autor faz tem a ver com a falta de possibilidade de configuração do touchpad. Ora isto não é algo que seja complicado, mas efectivamente não existe no momento um painel de controlo que resolva isto no Ubuntu. E isto faz-me lembrar os círculos de qualidade japoneses. Porquê? Porque penso que deveria haver equipas apenas dedicadas a olhar para problemas e a eleger um e resolvê-lo passando depois ao seguinte. Nomeadamente acho que no mundo linux, e dentro da Canonical ou RedHat ou Suse, devia haver essas equipas dedicadas apenas aos problemas de "user experience" ou tudo o que o Zé Povinho pudesse querer fazer e não estivesse disponível. Por vezes o problema do linux não é a necessidade de desenvolver a próxima versão do Gimp ou do Open Office, mas antes a capacidade de resolver esses pequenos problemas que para o developer não existem, mas que para Zé são uma dor de cabeça.

Ainda uma nota final:

A meu ver a crónica do Walter Mossberg peca num ponto, que foi a de não explicar o porquê de algumas não funcionarem de raiz, como a leitura de mp3 ou a reprodução de DVD. Estas coisas não funcionam por causa de patentes e licenças, coisa que com uma linha de palavreado ele podia ter explicado, mas se calhar ia ferir algumas susceptibilidades.

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